domingo, 30 de agosto de 2015

5 COISAS QUE ME FIZERAM LARGAR O ÁLCOOL

Estou de volta. 1 ano sóbria a partir do dia 30 de agosto de 2015. E com a sensação de que não vai ser só uma experiência de um ano sem álcool, mas um estilo de vida, para toda a vida.

Quando eu decidi passar um ano sem álcool, em novembro do ano passado, eu acreditava que ia voltar a beber. E até torcia para o ano passar rápido e finalmente poder tomar a minha tão sonhada taça de vinho. 4 meses depois eu estava desistindo do programa, da página, do blog, de tudo e estava finalmente "livre" para beber vinho. Aquele prazer tão sonhado, desejado... onde estava? Pois é. Passei 5 meses liberada pra beber e até agora ele não veio. Mas vieram outras coisas, bastante desagradáveis.

1. O MEU SONO PIOROU

Sono agitado, pesadelos, noites mal dormidas. O que resulta em baixa da produtividade, cansaço durante o dia, mau humor. O sono é uma das partes mais importantes do nosso dia, dormir de 7 a 8 horas por dia é fundamental para ter uma vida saudável. Quando a gente dorme mal, abusamos da cafeína - que também é uma droga, não se engane! E quando abusamos da cafeína o que acontece? Temos uma falsa impressão de estarmos bem dispostos. Depois disso, como toda a droga, vem o resultado com força oposta: vamos ficar mais exaustos ainda! Além disso, quando dormimos mal, a nossa paciência com os contratempos do dia e com as imperfeições nossas e dos outros diminui de maneira drástica. E isso pode transformar o seu dia no trabalho, já parou pra pensar? Tudo isso baixa a nossa produtividade e eu estou com muitos projetos bacanas pra implementar, não posso e não quero me dar ao luxo de dormir mal. Ouvi dizer que meditar profundamente por meia hora equivale a 4 horas de sono. Mas espero que este seja um recurso pra ser usado com moderação, até porque dormir mal me deixa tão irritada que não tenho nem paciência para sentar e meditar quando isso acontece.

2. BAD VIBES

Sabe aquele dia gostoso com os amigos em que você toma umas taças de vinho no jantar e vai pra casa relaxado, feliz e de bem com a vida? Ah, que delícia! Sim, é uma delícia. Mas posso contar nos dedos os dias que a minha vivência com o álcool foi assim. Na maioria das vezes eu passei da conta, discuti com alguém, transei com alguém que não tinha a menor importância pra mim ou não transei com ninguém porque preferi beber, acordei no dia seguinte me sentindo um lixo... O mais impressionante é que muita gente tem bad vibes com o álcool com frequência, assim como eu, mas a gente exalta esse estilo de vida, coloca uma etiqueta de pessoa cool, descolada, divertida e segue em frente maltratando a si mesmo. Sim, eu posso ter sido a companhia mais divertida da noite pra muita gente, mas pra mim mesma eu não tenho sido NADA divertida com o álcool. E esse tempo que fiquei "liberada" pra beber parece que foi um teste mesmo da vida pra me colocar no caminho certo, sabe? Por que percebi que passei os meus 4 meses sem álcool no mimimi só reclamando da falta do álcool e sem perceber o quanto a minha vida estava MUITO melhor sem ele. Mas agora eu consigo enxergar isso muito claramente e por isso sou grata. Eu sou grata pela minha recaída, sem ela eu não estaria aqui com um novo olhar e vibrando mais positiva.

3. COMPULSÃO

Era um vício, um hábito. Toda sexta eu tinha que beber 3 long necks no jantar, todo sábado tinha que beber uma garrafa de vinho. Se eu fosse numa festa, tinha que beber, se fosse num almoço de domingo, tinha que beber. E não TEM QUE NADA! Nesses últimos meses em que voltei a beber, lembro de entrar no supermercado na sexta, olhar para aquelas garrafas de vinho, percebi que em alguns dias eu nem mesmo estava com vontade de beber, mas eu seguia o que tinha planejado, comprava e bebia. Eu não preciso dessa compulsão. Não preciso e não quero. Não preciso de hábitos que fazem mal ao meu corpo, que tiram a minha energia. Eu reconheço hoje para mim e para quem quiser ler esse texto que tenho problemas com alcoolismo sim e quero mudar SIM. É muito difícil reconhecer isso quando vivemos numa sociedade que trata o álcool de forma glamurosa, né? Já foi assim com o cigarro, ainda é com o álcool. E eu não quero mais isso pra mim. Nem álcool, nem cigarro e nem mesmo maconha... que para alguns é considerada "natural", mas pra mim tem um efeito terrível de paranóia e ansiedade.

4. BAIXA NA PRODUTIVIDADE

Tem uma pergunta no questionário dos Alcoólicos Anônimos que é a seguinte: quantas vezes você faltou ao trabalho no último ano por causa da bebida? Pode não ser tão grave se a sua resposta foi como a minha: uma ou menos. Mas isso se a gente for pensar trabalho como esse trabalho fixo que paga as contas, né? No meu plano de vida agora, esse trabalho fixo não é o meu TRABALHO, mas o meu emprego. Estou desenvolvendo muitos trabalhos em casa, por conta própria, trabalhos cheios de propósito, onde estão os meus sonhos e inspirações para a vida. Esses trabalhos ainda não são remunerados e sei que só serão um dia se eu realmente me dedicar com consistência a eles, de maneira produtiva. E deixar de seguir o meu cronograma porque enchi a cara no dia anterior realmente não está mais nos meus planos. Não vou mais aceitar isso, não vou mais achar engraçado. Não é engraçado! Eu cresci numa família boêmia, onde beber faz parte do dia a dia de uma forma tão naturalizada que demorei 35 anos pra descobrir que tenho problemas com álcool, está piorando, pode virar algo sério pra mim. Falar que acordei de ressaca, que vomitei, que falei tal merda para tal pessoa na noite anterior... antes soava como algo extremamente divertido. Até quando? A partir de hoje eu me comprometo a ser engraçada sem me maltratar ou maltratar outra pessoa. Será possível? Difícil, né? Mas eu escolho achar graça em outros aspectos da vida.

5. FUGA

Não vou mais fugir de mim. Não vou mais levar a timidez ou a sensação de inadequação a sério. Não preciso disso. Não vou fugir. Eu vou me amar e ponto final. Tenho refletido muito sobre o porquê de desejar fugir da realidade através do álcool. O álcool relaxa? Sim. O cigarro também me relaxava e já não fumo há muito tempo, nem sinto falta. Existem tantas coisas maravilhosas que também relaxam: um bom filme, uma corrida na praia, uma sessão de ioga, chá, sexo, um mergulho no mar... preciso escolher o álcool? Preciso usar o álcool com o filme, com o sexo ou com o mergulho no mar? E por que fugir? Do que estou fugindo? Quanto mais eu fugir de me responder esta pergunta, mais o álcool vai descer pesado em mim.































É isso. Hoje eu admito pra mim que a minha relação com o álcool não é legal. Sim, eu já consegui sair e tomar apenas 4 chopps. Sim, já consegui tomar 2 taças e ir dormir. Mas tenho a consciência de que essa não é a minha regra, mas a minha exceção. Eu fiz as contas das coisas boas e ruins que o álcool me trouxe, desde que comecei a beber.... com 13 anos. Sim, 13!!! E a lista das coisas boas é tão pequena que não vale um post. Por isso estou de volta, agora com toda a garra e sem mimimi. Só por hoje. Namastê.







domingo, 5 de abril de 2015

Parece Cocaína, mas é só Tristeza

Hoje eu vou escrever o texto mais difícil de todos desta jornada sem álcool. Estou há 4 meses expondo minhas dificuldades e fraquezas neste período sóbria, mas com o orgulho de estar conseguindo vencer às tentações. E quando não resistimos, como fica? Sim, eu bebi.

Não só bebi, como corri atrás de outras substâncias mais fortes, entre elas o açúcar. Dizem por aí que o açúcar é a droga do século, muito pior que cocaína. Será?



No primeiro dia da minha recaída, bebi duas taças de vinho e me senti ótima. Tão ótima que escrevi um texto sobre estar cansada de me privar do que eu gosto e salvei aqui na pasta de rascunhos. Por que será que não publiquei? Mentir pra vocês está fora de cogitação, então passei a semana pensando em como terminaria o blog, o que eu diria e se iria começar a escrever sobre outra coisa, já que me expressar e receber o feedback das pessoas tem sido tão legal. Por que não publiquei, se estava me sentindo tão ótima? Hein?



"Muitos temores nascem do cansaço e da solidão".

Logo após beber duas taças e me sentir ótima, achei que poderia beber uma garrafa inteira. E foi aí que eu me senti um lixo. Até porque eu não estou mais acostumada a beber uma garrafa inteira, então passei o dia seguinte inteiro jogada na cama sem conseguir fazer NADA! E foi aí que percebi que me sentir um lixo não tem a ver com o álcool, com o açúcar, com qualquer droga. Me sentir um lixo é como eu me sinto, simplesmente. E aí preciso beber, comer, fumar, cheirar e lamber para me manter no estado de me sentir um lixo.



"Tua tristeza é tão exata e hoje o dia é tão bonito."

Eu sei que não sou um lixo. Eu sou uma pessoa ótima, mas então por que é tão difícil eu me sentir ótima? Por que eu fui parar no hospital sem motivo aparente, apenas por não estar jogando a minha tristeza em substâncias químicas? Seria depressão? O que é pior? Beber uma garrafa de vinho, comer uma barra de chocolate inteira ou tomar algum remédio tarja preta? E se o dia é tão bonito, se o mundo é abundante e somos essencialmente bons, por que carregamos toda essa tristeza?

"Disciplina é Liberdade"

Achei que estava livre ali bebendo. Mas na verdade eu tinha voltado à prisão. E sempre que fico puta da vida comigo por ter inventado esta merda de ficar sem beber e sinto falta da "liberdade" que eu tinha de tomar a minha inocente e "saudável" tacinha de vinho tinto, percebo que estou inventando desculpas para ter a tão sonhada liberdade de me destruir.

O mais engraçado é que, enquanto eu estive ali, "livre", no clima bom da primeira taça, eu senti menos prazer do que imaginava que sentiria. Eu percebi que aquele prazer superestimado de ficar relaxada com o álcool era infinitamente menor do que o prazer de estar consciente dos meus atos e disposta a fazer o que precisa ser feito pra que eu tenha uma vida melhor e me sinta melhor comigo mesma. Eu sinto que é muito mais uma coisa culturalmente imposta do que um prazer real. E a décima taça nunca será igual à primeira. O mesmo vale para a décima fatia.

Derrapei, mas estou de volta. Não acho que fracassei. Me sinto muito mais forte em abrir o meu coração e falar a verdade. Estou disposta a recomeçar do zero e o domingo de páscoa é o dia perfeito para isso: renovação. Continuo tentando me sentir ótima. Ou melhor, continuo tentando lembrar que sou ótima! :)




"Os sonhos vêm e os sonhos vão.
O resto é imperfeito."

<3

sexta-feira, 20 de março de 2015

ÁGUAS DE MARÇO, aka 4 MESES SEM ÁLCOOL

As águas de março estão fechando o verão com direito a muito drama, choro e uma paradinha no hospital.





















Não é fácil ficar sóbria. Assim de uma hora pra outra... Não é fácil MESMO. Fico pensando que, se as águas de março fossem alcoólicas, eu estaria mais relaxada. Será? Mas foram águas salgadas, dessas que explodem dos olhos e saltam sem pedir licença. Imagina uma pessoa que já perdeu a vergonha de chorar em público e chora na frente de qualquer pessoa, chora andando na orla ou no transporte público. Antes eu conseguia disfarçar as gotas tímidas que desciam pelas beiradas dos óculos escuros. Agora não mais. Dependendo do dia que você vier me cumprimentar, cuidado, você pode se molhar.

Mas hoje eu acordei assim:






















Os gatinhos são anjos que estão aqui na Terra pra cuidar da gente. Quando você é abençoado de ter um gato em casa, pode ter certeza de que aquele sofá caro e lindo que você tanto sonhou em ter na sala não vai ser seu. Ou vai ser destruído em pouco tempo. Depois de um tempo e aumentando a quantidade de gatos, você vai perceber que não só o sofá maravilhoso você não vai ter, como não vai ter muitas coisas legais.





















E tudo bem, né? Porque uma coisa é certa que você vai ter: AMOR.

Os meus 2 primeiros gatinhos foram adotados quando ainda morava em São Paulo. Lá, eu tive uma crise, que a minha analista na época não considerou depressão, mas uma forte angústia. Eu nunca tentei me matar e nunca desejei de fato acabar com a minha vida. Mas a vontade de me entregar e deixar tudo ir, simplesmente parar e deixar a vida passar eu tive. E deixei passar algumas vezes. Várias na verdade. Os gatos na época me ajudaram muito porque eles eram o meu único motivo para levantar da cama. Eles sentem quando estamos tristes e ficam muito mais carinhosos. E ver eles deitados o dia todo em cima de mim, deixando de comer ou de brincar, era algo que fazia o meu coração dar um reboot e dar a volta por cima mais rápido.

Ontem eu tive uma crise que o médico chamou de "crise de estresse". Começou no início do mês, com um enjôo esquisito. Um dia estava com esse enjôo quando passei por um bar e acreditei estar com nojo de cerveja. Mas depois percebi que não. E aí lembrei que não ia ao oftalmologista há muito tempo. Comecei a sentir tontura, além do enjôo e tive certeza ser o astigmatismo o grande vilão. Realmente eu precisava mudar o meu óculos e troquei. Mas o enjôo e a tontura não melhoraram, ao contrário, cresceram. A dor de cabeça sempre presente e a tristeza ao fundo, rasteira, à espreita. A tristeza está sempre ali. Desisti de querer que ela se vá. Acordo e dou bom dia pra ela, depois peço que fique onde está. Mas às vezes a correnteza muda e as águas geladas do fundo chegam à superfície. A sensação é de afogamento.

Eu estava sentada em frente ao computador e as letras embaralharam. Não conseguia mais exergar. A sensação de desmaio, suor frio e tudo o que mais existir de desconforto veio junto. É o abraço da tristeza.

Hoje acordei com os gatinhos empoleirados no meu braço fazendo purrr ad infinitum. Porque o amor é maior que a tristeza e eu mereço ser feliz.

No dia 9 de março eu completei 4 meses sem álcool.
Que as águas rolem soltas, que a tristeza me abrace, que o rio me leve, mas que sempre exista o amor.

Namastê.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carnaval Sem Álcool

Às vezes, quando me sinto feliz, bate uma melancolia...
Logo percebo que sou eu me culpando por ter perdido tanto tempo triste, deprimida e me privando das coisas boas da vida. Tenho a sensação de que "perdi" uma década aproximadamente. Isolada, separada dos outros, remoendo mágoas e criando barreiras para tentar impedir novas formas de sofrimento. O problema desta barreira, é que ela impede também a entrada de coisas boas. E, ao dissolver essa barreira aos poucos, que é o que estou fazendo agora, sinto esse misto de alegria e tristeza.

Uma vez ouvi dizer que no idioma tibetano a palavra "culpa" não existe. Existem palavras que indicam lamento, mas no sentido de aprendizado, de "retificar as coisas no futuro". E penso: de que vale a minha culpa? Será que "perdi" tempo? Quando me sinto assim, respiro fundo e escolho acreditar que tudo o que eu vivi e a forma como reagi criaram a pessoa que sou hoje. As cicatrizes são profundas, mas são elas que me tornam única e isso é lindo. Todos nós somos únicos, não existe ninguém no planeta igual. E não são as nossas vivências que determinam isso, já que vivemos situações parecidas com as dos outros o tempo todo, boas e ruins; mas as nossas reações a essas vivências que dizem exatamente quem somos e onde estamos. E reconhecer reações destrutivas é muito positivo, já que podemos escolher como reagir da próxima vez.

Sigo então mandando a melancolia embora e me permitindo ser feliz. É preciso mesmo permitir, acreditar que eu mereço. E refletir por que será que eu aceito melhor a tristeza do que a alegria ou por que tenho mais medo do sucesso do que do fracasso. O lugar do fracasso pode ser bem acolhedor... enquanto você estiver nesse lugar, pode sentar num cantinho e reclamar ou culpar as outras pessoas. Mas o sucesso oferece um lugar onde a responsabilidade é toda sua e onde você é alvo da inveja dos que escolheram ficar no cantinho reclamando, se lamentando e encarando a felicidade como algo distante. É duro olhar para o cantinho aconchegante onde já estive, mas estou aqui, fora da zona de conforto e já bastante acostumada com a falta de álcool.

Sinto que estou saindo de um lugar de muita ignorância, egocentrismo e solidão. E isso não está ligado diretamente ao álcool, mas a mim mesma. Estou me descobrindo. Uma pena que não foi mais cedo, mas que bom que foi agora. Por que sempre será quando tiver que ser. :)

Esse carnaval foi bem importante nesse sentido. Nem sou tão fã assim da festa. Me incomoda muito a multidão, muito mesmo. Há alguns anos eu tento entender esta minha fobia de muita gente em volta. Não sei se tem a ver com uma certa sensibilidade mediúnica, me sinto como uma esponja muitas vezes, absorvendo a energia das pessoas. Eu já desmaiei em lugares públicos, em shows lotados, já me senti mal na casa das pessoas, a ponto de sentir uma urgência de ir embora sem mesmo conseguir identificar o motivo. Já passei por várias situações constrangedoras desse tipo, o que me fez tomar a decisão de não frequentar mais lugares lotados e, por consequência, fazer outros programas no carnaval.

Por outro lado, o carnaval pra mim sempre foi muito mais do que essa festa da luxúria e da bebedeira. Nasci na Bahia e as minhas origens vêm de uma cidade bucólica com menos de 20 mil habitantes chamada Belmonte. Minhas primeiras impressões do carnaval foram os momentos de alegria da família reunida, aquela família onde mora cada um num canto do país e se reencontra uma vez por ano nessa época. É o meu pai compondo marchinhas do bloco da família por telefone com os meus tios e depois todo mundo batucando pela rua cantando a nossa história. Os adultos com new wave no cabelo, com aquela mortalha enorme até os pés e as crianças brincando com confete e serpentina. São os bastidores do trio elétrico e a eletricidade de viver um momento mágico.

Nesta foto está a minha vovó, curtindo o carnaval de Belmonte com a galera. <3


















Acho que esse ano eu cheguei perto desse carnaval. Escolhi um bloco tranquilo, que fica parado na Praça XV e de fácil acesso a Niterói, o Boitatá. Saí de casa de manhã cedo e encontrei amigos queridos, sambei, dancei e me diverti muito. Tudo isso sem álcool, claro! Só fui embora quando os meus pés e pernas estavam muito cansados, quando fisicamente não agüentei, porque ainda havia a vontade de celebrar dentro de mim. Como estou fora de forma, não durei muito em comparação aos outros amigos foliões, mas para a minha realidade eu durei bastante! Durei o tempo da bateria do iphone pra ser mais exata. Eu sei, não é muita coisa mesmo! Hehehe.

A verdade é que eu não sinto mais a mínima vontade de trocar fuidos com pessoas que mal conheço ou encher a cara e acordar com aquela ressaca horrível. São apenas 3 meses sem álcool e os 2 primeiros meses foram insuportáveis, mas acho que já estou entrando num lugar onde nem gosto mais do álcool. Será possível? Estou me transformando na pessoa que eu considerava "chata" e confesso que estou com pouca paciência para a bebedeira alheia. Até o cheiro de álcool nos outros está me incomodando. A minha intenção nunca foi radicalizar, mas preciso ser sincera aqui e relatar a minha experiência, já que esta é a razão de existir desse blog.

Abre parênteses. Mais uma vez: não estou aqui para cagar regra sobre a vida dos outros. A relação das pessoas com o álcool e as demais drogas são completamente diferentes. A minha relação com o álcool era destrutiva e eu sei que a sua pode ser ótima. Fecha parênteses.

Talvez essa sensação de não gostar do álcool, do efeito ou cheiro dele nas pessoas, passe. Talvez seja apenas mais um efeito da desintoxicação. É que estou tão feliz curtindo a vida numa outra vibração, estou tão orgulhosa de mim mesma por ter conseguido estar num lugar que parecia inatingível pra mim, que eu não desejo estar em outro lugar que não este aqui. Tá tão bom! De verdade.

Hoje acordei toda nostálgica e emocionada. Chorei muito de alegria. Às vezes quando as portas se abrem, quando as lentes ficam limpas e conseguimos enxergar com mais clareza, vem sim aquela tristeza por mim mesma e por tudo que passei na vida, mas como disse antes, escolho não sentir culpa. Por mim, sinto compaixão. Sempre. Amor. É preciso se amar muito e chorar por si mesmo. Mas não deixar de caminhar pra onde a luz aponta, pra onde a brisa é leve e as pessoas são boas. É preciso ir pra onde existe amor.

Preciso inclusive contar a vocês que no domingo, quando voltei do bloco, ainda consegui fazer a minha meditação do dia.

E só posso dizer que estou com o coração alegre.
























Namastê

domingo, 8 de fevereiro de 2015

3 MESES: SÓBRIA, NA FOSSA, NA CHUVA.

Aqui estou no 3º mês sem álcool, de coração partido, me sentindo uma merda e com uma vontade intensa de beber, chutar o balde, ligar pra ele de madrugada, perdida, entorpecida e dizer tudo o que sinto, pra depois levar um fora, abrir mais uma garrafa, chorar deitada no chão da sala, arrependida, com o rímel borrando a cara.

Uau.

Esse era o meu combo preferido depois do McChicken com Coca-Light aumentando a batata.

Mas agora eu sou sóbria, eu sou fina, eu choro sozinha e o meu celular não é uma arma. Se for pra enumerar o lado bom de não beber na fossa, este item é campeão! E que fato inédito não arrastar a cara na Medina e deixar essa paixão inconveniente morrer dentro de mim num silêncio de domingo. Que vire música! Que seja ficção! Pois o meu coração merece paixões convenientes e públicas, reais e correspondidas! Os amores platônicos já iam morrer sem saber, agora as paixões passageiras também.

Na sexta-feira ganhei um beck de presente e, ao dar o primeiro trago, falei bem alto pra mim mesma: não vou trocar o álcool por maconha. Sinto muito. Nem por maconha, nem por comida e nem por uma paixão barata. E aí joguei tudo no lixo e tirei o lixo da minha casa. Não vou me entorpecer e pronto. Não vou fugir. Chega!

Chorei a noite inteira. Acordei com o rosto tão inchado que mal conseguia abrir os olhos. Coloquei as minhas músicas deprês no ipod, abracei a dor e levei ela pra passear na praia. Eu andava e chorava. As pessoas me olhavam e eu cantava sozinha uma playlist que ia de Amy Winehouse a Stevie Wonder. Nossa, nem quando eu bebia eu saía na rua tão louca assim! Cheguei em casa e consegui rir de mim. Depois a minha garganta deu sinais de que o corpo ia abraçar a dor também e passei o fim de semana num misto de chuva, febre, choro e algum rancor.

Mas estou aqui, inteira, pra dizer que completei 3 meses sóbria.
E nada vai me fazer desviar do meu caminho.
Esse longo e tortuoso caminho em direção ao amor próprio.

















"Manhã no Rio Sena com Chuva" - Claude MONET

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Tatinha Paz e Amor

Quase 3 meses sem álcool em alta produtividade. Às vezes os dias são muito difíceis, mas acredito ter passado da pior fase. Me sinto tão em casa nesse novo estilo de vida que chego a pensar que um ano inteiro se passou. Estou produzindo muito, mas muito mesmo! Posso dizer que fiz mais coisas em janeiro deste ano do que fiz no ano passado inteirinho. E isso é muito impressionante e desafiador ao mesmo tempo.

Acho que aprendi a olhar para esse buraquinho que existe no meio do peito com mais amor e compreensão comigo mesma. Parei de me maltratar e me autodestruir. E estou descobrindo que sou interessante e apaixonante. E ao me olhar com mais amor, também consigo compreender melhor as pessoas que me magoaram. Estamos todos sofrendo por algum motivo, sempre. Esse mundo é feito disso e não há como escapar, apenas meditar como os budistas nos aconselham. Porque o processo de autodestruição e azedume faz a gente perder um pouco a humanidade e não enxergar a humanidade no outro. Quando você se irrita com alguém no trabalho às 8 da manhã e faz um julgamento daquela pessoa, você não sabe o que ela passou na noite anterior e muito menos sobre os seus anseios, sonhos, desejos e frustrações.

E o que está acontecendo é que estou vivendo com mais amor no coração. Colocando mais amor no mundo. E a reação pra esta ação é inevitável. Portas estão se abrindo e pessoas maravilhosas estão surgindo. E eu estou conseguindo interagir com essas pessoas, amando muitas delas e mostrando o que eu tenho de melhor. Algumas delas estão conseguindo ler a minha alma como nunca antes aconteceu e isso é o fim da solidão.

E eu achava que o álcool tirava a minha inibição...

Mas o álcool me afastava dos outros...

Nunca estive tão próxima como agora.

Estou amando. Me amando. E amando o mundo, dá licença. Peace and love. <3

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

2 Meses Sem Álcool

2 Meses sóbria! E 4 quilos a menos sem fazer dieta!
Viva!!! :)

Nunca imaginei que pudesse chegar tão longe nessa brincadeira. Brincadeira que virou coisa séria! Also known as a coisa mais importante do meu dia desde a hora que acordo até a hora que vou dormir. Eu passei os últimos anos tentando perder peso e beber ao mesmo tempo, se eu soubesse que era só cortar o álcool... E lá vem o "se" me atormentar, vamos deixar ele passar. Pronto, nada de "se". O "se" foi embora. E aqui é só alegria! Estou mesmo muito surpresa e feliz comigo. As pessoas estão me parabenizando pela minha força de vontade e determinação e isso soa tão estranho aos meus ouvidos! Eu sempre fui uma pessoa desconectada dos meus sonhos, aquela pessoa que deixa tudo pra amanhã, pra depois, pra semana que vem... mas estou aprendendo que coragem, energia e foco a gente GERA. Não é uma coisa que surge de fora ou uma coisa que você nasce "com" ou "sem". Está tudo aqui dentro da gente. O lance é olhar para a emoção e selecionar os pensamentos. E não há nada de místico nisso, muito pelo contrário! E outra coisa importantíssima que eu aprendi se chama CONSISTÊNCIA. É melhor caminhar meia hora todo dia do que 2 horas de vez em quando. É melhor meditar 1 MINUTO por dia do que meia hora uma vez no mês. E por aí vai.

2 meses sem álcool. Só mais um dia...

Passada a fase deprê, queria compartilhar uma coisa interessante que percebi em mim nesses 2 meses. Eu passei a ter mais INTERESSE pelas pessoas. Quando eu enchia a cara, eu só falava de mim mesma. Era uma viagem egoica, um monólogo cheio de autoelogios falsos e uma distância tremenda das pessoas que estavam ali na "plateia". Sei lá se elas estavam realmente me ouvindo, mas isso era o que menos importava pra mim. O que eu queria mesmo era falar, falar, falar, falar. Não foi fácil reconhecer isso, mas foi inevitável. E o mais legal é que esse interesse não é só por pessoas novas que estou conhecendo agora. Outro dia sentei pra almoçar com o meu pai e ouvi histórias antigas dele que nunca tinha ouvido antes. E isso é muito precioso. Me sinto conectada novamente. Me sinto PRESENTE. E quanto mais conectada e presente eu estou com as pessoas ao meu redor, menos rude, crítica ou impaciente eu me torno.

Sinto de verdade que estou conseguindo recuperar os meus pedaços e começar a reconstruir o meu amor próprio. Por consequência, consigo amar os outros e brigar menos. Eu andava muito brigona. E quando a gente briga muito, a gente está de alguma forma pedindo socorro. Socorro, preciso me conectar de novo! E percebo que o álcool era um forte aliado na separação que eu crio com os outros.

Acho que tudo isso que estou escrevendo pode ser bastante óbvio. Mas também aprendi que o senso comum não é a prática comum. Então vamos seguindo, olhando pra frente, um passo de cada vez e aprendendo muito, sempre, cada vez mais.

Obrigada, Universo.
Obrigada, Vida.
Obrigada, amigos.
Obrigada, família.
Obrigada, todos os gatinhos fofos que existem.
Obrigada, música!



Hoje eu sou amor da cabeça aos pés.
Rumo aos 3 meses!
<3