sexta-feira, 20 de março de 2015

ÁGUAS DE MARÇO, aka 4 MESES SEM ÁLCOOL

As águas de março estão fechando o verão com direito a muito drama, choro e uma paradinha no hospital.





















Não é fácil ficar sóbria. Assim de uma hora pra outra... Não é fácil MESMO. Fico pensando que, se as águas de março fossem alcoólicas, eu estaria mais relaxada. Será? Mas foram águas salgadas, dessas que explodem dos olhos e saltam sem pedir licença. Imagina uma pessoa que já perdeu a vergonha de chorar em público e chora na frente de qualquer pessoa, chora andando na orla ou no transporte público. Antes eu conseguia disfarçar as gotas tímidas que desciam pelas beiradas dos óculos escuros. Agora não mais. Dependendo do dia que você vier me cumprimentar, cuidado, você pode se molhar.

Mas hoje eu acordei assim:






















Os gatinhos são anjos que estão aqui na Terra pra cuidar da gente. Quando você é abençoado de ter um gato em casa, pode ter certeza de que aquele sofá caro e lindo que você tanto sonhou em ter na sala não vai ser seu. Ou vai ser destruído em pouco tempo. Depois de um tempo e aumentando a quantidade de gatos, você vai perceber que não só o sofá maravilhoso você não vai ter, como não vai ter muitas coisas legais.





















E tudo bem, né? Porque uma coisa é certa que você vai ter: AMOR.

Os meus 2 primeiros gatinhos foram adotados quando ainda morava em São Paulo. Lá, eu tive uma crise, que a minha analista na época não considerou depressão, mas uma forte angústia. Eu nunca tentei me matar e nunca desejei de fato acabar com a minha vida. Mas a vontade de me entregar e deixar tudo ir, simplesmente parar e deixar a vida passar eu tive. E deixei passar algumas vezes. Várias na verdade. Os gatos na época me ajudaram muito porque eles eram o meu único motivo para levantar da cama. Eles sentem quando estamos tristes e ficam muito mais carinhosos. E ver eles deitados o dia todo em cima de mim, deixando de comer ou de brincar, era algo que fazia o meu coração dar um reboot e dar a volta por cima mais rápido.

Ontem eu tive uma crise que o médico chamou de "crise de estresse". Começou no início do mês, com um enjôo esquisito. Um dia estava com esse enjôo quando passei por um bar e acreditei estar com nojo de cerveja. Mas depois percebi que não. E aí lembrei que não ia ao oftalmologista há muito tempo. Comecei a sentir tontura, além do enjôo e tive certeza ser o astigmatismo o grande vilão. Realmente eu precisava mudar o meu óculos e troquei. Mas o enjôo e a tontura não melhoraram, ao contrário, cresceram. A dor de cabeça sempre presente e a tristeza ao fundo, rasteira, à espreita. A tristeza está sempre ali. Desisti de querer que ela se vá. Acordo e dou bom dia pra ela, depois peço que fique onde está. Mas às vezes a correnteza muda e as águas geladas do fundo chegam à superfície. A sensação é de afogamento.

Eu estava sentada em frente ao computador e as letras embaralharam. Não conseguia mais exergar. A sensação de desmaio, suor frio e tudo o que mais existir de desconforto veio junto. É o abraço da tristeza.

Hoje acordei com os gatinhos empoleirados no meu braço fazendo purrr ad infinitum. Porque o amor é maior que a tristeza e eu mereço ser feliz.

No dia 9 de março eu completei 4 meses sem álcool.
Que as águas rolem soltas, que a tristeza me abrace, que o rio me leve, mas que sempre exista o amor.

Namastê.