domingo, 30 de agosto de 2015

5 COISAS QUE ME FIZERAM LARGAR O ÁLCOOL

Estou de volta. 1 ano sóbria a partir do dia 30 de agosto de 2015. E com a sensação de que não vai ser só uma experiência de um ano sem álcool, mas um estilo de vida, para toda a vida.

Quando eu decidi passar um ano sem álcool, em novembro do ano passado, eu acreditava que ia voltar a beber. E até torcia para o ano passar rápido e finalmente poder tomar a minha tão sonhada taça de vinho. 4 meses depois eu estava desistindo do programa, da página, do blog, de tudo e estava finalmente "livre" para beber vinho. Aquele prazer tão sonhado, desejado... onde estava? Pois é. Passei 5 meses liberada pra beber e até agora ele não veio. Mas vieram outras coisas, bastante desagradáveis.

1. O MEU SONO PIOROU

Sono agitado, pesadelos, noites mal dormidas. O que resulta em baixa da produtividade, cansaço durante o dia, mau humor. O sono é uma das partes mais importantes do nosso dia, dormir de 7 a 8 horas por dia é fundamental para ter uma vida saudável. Quando a gente dorme mal, abusamos da cafeína - que também é uma droga, não se engane! E quando abusamos da cafeína o que acontece? Temos uma falsa impressão de estarmos bem dispostos. Depois disso, como toda a droga, vem o resultado com força oposta: vamos ficar mais exaustos ainda! Além disso, quando dormimos mal, a nossa paciência com os contratempos do dia e com as imperfeições nossas e dos outros diminui de maneira drástica. E isso pode transformar o seu dia no trabalho, já parou pra pensar? Tudo isso baixa a nossa produtividade e eu estou com muitos projetos bacanas pra implementar, não posso e não quero me dar ao luxo de dormir mal. Ouvi dizer que meditar profundamente por meia hora equivale a 4 horas de sono. Mas espero que este seja um recurso pra ser usado com moderação, até porque dormir mal me deixa tão irritada que não tenho nem paciência para sentar e meditar quando isso acontece.

2. BAD VIBES

Sabe aquele dia gostoso com os amigos em que você toma umas taças de vinho no jantar e vai pra casa relaxado, feliz e de bem com a vida? Ah, que delícia! Sim, é uma delícia. Mas posso contar nos dedos os dias que a minha vivência com o álcool foi assim. Na maioria das vezes eu passei da conta, discuti com alguém, transei com alguém que não tinha a menor importância pra mim ou não transei com ninguém porque preferi beber, acordei no dia seguinte me sentindo um lixo... O mais impressionante é que muita gente tem bad vibes com o álcool com frequência, assim como eu, mas a gente exalta esse estilo de vida, coloca uma etiqueta de pessoa cool, descolada, divertida e segue em frente maltratando a si mesmo. Sim, eu posso ter sido a companhia mais divertida da noite pra muita gente, mas pra mim mesma eu não tenho sido NADA divertida com o álcool. E esse tempo que fiquei "liberada" pra beber parece que foi um teste mesmo da vida pra me colocar no caminho certo, sabe? Por que percebi que passei os meus 4 meses sem álcool no mimimi só reclamando da falta do álcool e sem perceber o quanto a minha vida estava MUITO melhor sem ele. Mas agora eu consigo enxergar isso muito claramente e por isso sou grata. Eu sou grata pela minha recaída, sem ela eu não estaria aqui com um novo olhar e vibrando mais positiva.

3. COMPULSÃO

Era um vício, um hábito. Toda sexta eu tinha que beber 3 long necks no jantar, todo sábado tinha que beber uma garrafa de vinho. Se eu fosse numa festa, tinha que beber, se fosse num almoço de domingo, tinha que beber. E não TEM QUE NADA! Nesses últimos meses em que voltei a beber, lembro de entrar no supermercado na sexta, olhar para aquelas garrafas de vinho, percebi que em alguns dias eu nem mesmo estava com vontade de beber, mas eu seguia o que tinha planejado, comprava e bebia. Eu não preciso dessa compulsão. Não preciso e não quero. Não preciso de hábitos que fazem mal ao meu corpo, que tiram a minha energia. Eu reconheço hoje para mim e para quem quiser ler esse texto que tenho problemas com alcoolismo sim e quero mudar SIM. É muito difícil reconhecer isso quando vivemos numa sociedade que trata o álcool de forma glamurosa, né? Já foi assim com o cigarro, ainda é com o álcool. E eu não quero mais isso pra mim. Nem álcool, nem cigarro e nem mesmo maconha... que para alguns é considerada "natural", mas pra mim tem um efeito terrível de paranóia e ansiedade.

4. BAIXA NA PRODUTIVIDADE

Tem uma pergunta no questionário dos Alcoólicos Anônimos que é a seguinte: quantas vezes você faltou ao trabalho no último ano por causa da bebida? Pode não ser tão grave se a sua resposta foi como a minha: uma ou menos. Mas isso se a gente for pensar trabalho como esse trabalho fixo que paga as contas, né? No meu plano de vida agora, esse trabalho fixo não é o meu TRABALHO, mas o meu emprego. Estou desenvolvendo muitos trabalhos em casa, por conta própria, trabalhos cheios de propósito, onde estão os meus sonhos e inspirações para a vida. Esses trabalhos ainda não são remunerados e sei que só serão um dia se eu realmente me dedicar com consistência a eles, de maneira produtiva. E deixar de seguir o meu cronograma porque enchi a cara no dia anterior realmente não está mais nos meus planos. Não vou mais aceitar isso, não vou mais achar engraçado. Não é engraçado! Eu cresci numa família boêmia, onde beber faz parte do dia a dia de uma forma tão naturalizada que demorei 35 anos pra descobrir que tenho problemas com álcool, está piorando, pode virar algo sério pra mim. Falar que acordei de ressaca, que vomitei, que falei tal merda para tal pessoa na noite anterior... antes soava como algo extremamente divertido. Até quando? A partir de hoje eu me comprometo a ser engraçada sem me maltratar ou maltratar outra pessoa. Será possível? Difícil, né? Mas eu escolho achar graça em outros aspectos da vida.

5. FUGA

Não vou mais fugir de mim. Não vou mais levar a timidez ou a sensação de inadequação a sério. Não preciso disso. Não vou fugir. Eu vou me amar e ponto final. Tenho refletido muito sobre o porquê de desejar fugir da realidade através do álcool. O álcool relaxa? Sim. O cigarro também me relaxava e já não fumo há muito tempo, nem sinto falta. Existem tantas coisas maravilhosas que também relaxam: um bom filme, uma corrida na praia, uma sessão de ioga, chá, sexo, um mergulho no mar... preciso escolher o álcool? Preciso usar o álcool com o filme, com o sexo ou com o mergulho no mar? E por que fugir? Do que estou fugindo? Quanto mais eu fugir de me responder esta pergunta, mais o álcool vai descer pesado em mim.































É isso. Hoje eu admito pra mim que a minha relação com o álcool não é legal. Sim, eu já consegui sair e tomar apenas 4 chopps. Sim, já consegui tomar 2 taças e ir dormir. Mas tenho a consciência de que essa não é a minha regra, mas a minha exceção. Eu fiz as contas das coisas boas e ruins que o álcool me trouxe, desde que comecei a beber.... com 13 anos. Sim, 13!!! E a lista das coisas boas é tão pequena que não vale um post. Por isso estou de volta, agora com toda a garra e sem mimimi. Só por hoje. Namastê.